Campanha institucional coloca a UEL na luta contra o racismo

Pré-lançamento acontece no Auditório Maior do CLCH. O foco é ampliar o debate sobre racismo e efetivar ações para o seu combate dentro da instituição. Na foto, as professoras Eloá, Maria de Fátima e Marleide em frente a sede do NEAB-UEL

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Acontece hoje, segunda (17), às 19h30, no Auditório Maior do CLCH, no campus da UEL, o pré-lançamento da Campanha “UEL na Luta Contra o Racismo”. Após firmar um pacto de combate ao racismo com o Ministério Público do Paraná (MP/PR), a Universidade criou, recentemente, um conjunto de ações permanentes de enfrentamento à discriminação racial. A campanha surgiu em 2020, idealizada por professores e alunos de vários Centros de Estudos e foi criada para integrar a Iniciativa para a Erradicação do Racismo na Educação Superior – Iniciativa para la Erradicación del Racismo en la Educación Superior – proposta pela Cátedra da UNESCO para Educação Superior, Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina (ESIAL) e já contou com uma série de atividades, como rodas de conversas e microvídeos, promovidas em colaboração com estudantes afrodescendentes e indígenas da Universidade.

De acordo com a coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB-UEL), professora Marleide Rodrigues da Silva Perrude, o foco agora é ampliar o debate sobre racismo e efetivar ações para o seu combate dentro da instituição. “São relações naturalizadas e que precisam ser percebidas, identificadas, problematizadas e enfrentadas. Esse é o desafio da Campanha”, declarou em entrevista ao O Perobal. O evento de pré-lançamento contará com a presença de representantes institucionais, estudantes e docentes da UEL. Haverá uma roda de conversa e será apresentada a identidade visual da Campanha e o site. A plataforma pretende englobar artigos, dissertações, vídeos e outros materiais para serem consultados, além de disponibilizar o calendário de ações permanentes da Universidade.

Para colocar a Campanha em prática, Marleide explica que serão construídas diferentes estratégias de formação, pensadas em coletivo. Trata-se de uma parceria entre o NEAB-UEL, a Comissão Universidade para os Indígenas (CUIA-UEL), o Movimento Negro de Londrina, as Pró-Reitorias da UEL, os departamentos da Universidade, a Gestão Municipal de Promoção de Igualdade Racial e a Prefeitura de Londrina. O Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Racismo tem se reunido desde agosto com o objetivo de discutir o tema. 

Nessas reuniões, foram definidos quatro eixos de atuação para o pré-lançamento da “UEL na Luta Contra o Racismo”, que depois irão se desdobrar em propostas para uma agenda permanente: reconhecimento da existência do racismo no cotidiano, dar visibilidade às ações de enfrentamento e superação do racismo; formação continuada de uma comunidade antirracista e ampliação do canal de denúncia para atitudes racistas.O pré-lançamento da Campanha visa abrir espaço para que a comunidade acadêmica também dê ideias de projetos que possam ser aplicados na instituição. “Nós precisamos do envolvimento da comunidade universitária nessas atividades. A proposta é desenvolver ações descentralizadas nos departamentos, nos centros e nos diferentes setores para fortalecer e, de fato, construir essa cultura antirracista”, conta Marleide.

Segundo a professora Eloa Dutra Kastelic, que ministra a disciplina de Educação e Diversidade (Departamento de Educação), a criação de disciplinas eletivas que abordem a perspectiva antirracista é essencial para que ocorra essa mobilização. “A partir do momento em que essa discussão entrar nos centros e chegar aos coordenadores de curso, aí sim dá para trabalhar a temática em todas as áreas”, afirma. “Enquanto uma política educacional, ela tem que perpassar por todas as áreas do conhecimento”, defende a docente, colaboradora da CUIA-UEL. Para a Gestora de Promoção da Igualdade Racial, professora Maria de Fátima Beraldo (Departamento de Educação), o racismo se afirma pela própria negação. Segundo a docente, que é integrante do Movimento Negro e colaboradora do NEAB-UEL, a Campanha é mais uma das respostas da Universidade para as reinvindicações dos movimentos que convergem dentro da instituição. “Mesmo sendo racista, a sociedade brasileira não admite que é racista e, quando eu faço isso, eu tiro de mim a responsabilidade. Essa Campanha vem colocar exatamente isso: de quem é a responsabilidade de combater o racismo?”, debate. 

Canais de Denúncia – Para acolher denúncias relacionadas ao racismo e injúria racial, bem como estabelecer uma rede de apoio em casos como esses, a Ouvidoria da UEL disponibiliza canais específicos em sua página – uma proposta do Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Racismo. A denúncia pode ser feita com identificação, em anonimato ou de forma sigilosa, onde as informações do usuário serão de acesso restrito. As ocorrências precisam conter o máximo de informações possíveis. Dados como nome e sobrenome do denunciado, data, local e circunstância são essenciais para a verificação dos fatos.

Via: O Perobal