Ex-aluno e professor da UEL lança livro que analisa trilha sonora de filmes de Glauber Rocha

André Siqueira é também compositor, arranjador e multi-instrumentista. A obra sai pela Eduel e analisa a trilha de três filmes, produzidos dentro do movimento Cinema Novo. O livro é resultado da tese de doutorado defendida pelo autor em 2014, dentro do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).

  • Compartilhe:

O livro "Sonata de Deus e o diabolus: música, cinema e pensamento modernista", escrito pelo ex-aluno da Universidade Estadual de Londrina e atualmente professor do Departamento de Música e Teatro, André Siqueira,  é o mais recente lançamento da Editora da UEL (Eduel) e analisa a trilha sonora de três filmes do cineasta Glauber Rocha, as obras “Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)”, “Terra em Transe (1967)” e “O dragão da maldade contra o santo Guerreiro (1969)”. 

O livro apresenta a pesquisa que lança um olhar diferenciado sob os três filmes, produzidos no interior do movimento Cinema Novo, abrindo uma nova e rica perspectiva de análise a partir dos conceitos musicais dos idiomas modal e tonal. De acordo com o autor, as composições não são apenas adereços: surgem como a peça chave da produção dos filmes.

As músicas são, predominantemente, de autoria do compositor e maestro Heitor Villa-Lobos e Sérgio Ricardo, nos filmes “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “Terra em Transe”, além da produção “O dragão da maldade contra o santo Guerreiro”, que conta com trabalhos de diferentes compositores.

“A questão da música nesses filmes funciona como peça determinante na própria forma do filme, pois a produção e a montagem são muito em função da música”, diz Siqueira. Segundo o professor, em comum, os filmes e as composições têm aproximações com o nacionalismo, movimento que defendeu uma “arte brasileira” por meio de uma linguagem nacional autêntica.

“Glauber atualiza no cinema muitos dos questionamentos dos modernistas da Semana de 22. Esse também é um ponto importante do livro”, explica o autor. Por esse motivo, a Semana de Arte Moderna – que ocorreu em fevereiro de 1922, em São Paulo, e mudou os rumos da arte brasileira pela defesa do projeto de resgate da identidade nacional – mereceu um capítulo especial, intitulado “Contraponto I”.

Embora resultado de uma pesquisa acadêmica, o livro é indicado para leitores de diferentes áreas. É marcado pela transdisciplinaridade, que imprime ao trabalho um enfoque pluralista. “Tem muito assunto para o aluno de música, para os interessados em cinema e tem muito assunto para aqueles interessados no pensamento social brasileiro”, ressalta o pesquisador.

“São áreas aparentemente distantes entre si. A partir da música, conseguimos traçar um fio condutor, deixando o mais palatável possível para o leitor, principalmente para o leigo em música”, reforça Siqueira. Dividido em três partes, o livro é resultado da tese de doutorado defendida pelo autor em 2014, dentro do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).

Compositor, arranjador e multi-instrumentista, o professor André Siqueira acumula diversas músicas gravadas. Sem dúvida, a pesquisa tem reflexos diretos em sua produção musical. “O livro tem uma reverberação direta no meu trabalho artístico. Afinal, o meu trabalho como músico está vinculado à música brasileira”, defende.

Serviço: 

“Sonata de Deus e o diabolus: música, cinema e pensamento modernista”, de autoria de André Ricardo Siqueira, 2022, 194 páginas;

Valor: R$55,00;

O livro pode ser adquirido no site da Eduel ou na Livraria que fica no Campus Universitário. Mais informações pelo fone (43) 3371 4691 ou pelo email: livrariaeduel@uel.br.

Via: O Perobal