Cirurgião vascular se destaca em técnica aberta de operação de aneurismas de aorta

Ricardo Bernardo da Silva, ex-aluno de Medicina da UEL (turma  51, 2002) vem se destacando por realizar, na Santa Casa de Londrina, cirurgias abertas de correção de aneurisma de aorta complexo com ótimos resultados de cura e recuperação pós-operatória dos pacientes. 

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Nem sempre uma cirurgia menos invasiva, com uso de endoprótese revestida, pode ser a melhor opção para pacientes com um quadro de aneurisma de aorta abdominal. O médico cirurgião vascular Ricardo Bernardo da Silva, ex-aluno de Medicina da UEL (turma  51, 2002) vem se destacando por realizar na Santa Casa de Londrina cirurgias abertas convencionais com ótimos resultados de cura e recuperação pós-operatória dos pacientes.

Silva explica que os aneurismas de aorta são dilatações localizadas nessa artéria que aumentam de diâmetro em pelo menos 50% para além do que é considerado normal e podem acontecer abaixo dos rins, que são as chamadas infrarrenais e mais comuns (com uma incidência de casos de 80% dos aneurismas de aorta) e outras, onde existe a necessidade de um controle ou execução acima dessas artérias, os ditos aneurismas complexos que em alguns casos, podem até ser classificadas como doenças raras, de acordo com parâmetros da OMS. “Nos últimos 30 anos vem sendo desenvolvidas técnicas endovasculares, cada vez menos invasivas, para a correção dessa patologia. Infelizmente essa técnica não é  indicadas para todos os casos", afirma. Especialmente para esses casos de cirurgia de aneurismas complexos, por ser necessário o controle da irrigação desses órgãos durante a cirurgia ou até seu autotransplante, continua o especialista, é preciso um manejo especifico no centro cirúrgico e na UTI, com protocolos, materiais e insumos próprios para cada caso, o que acaba elevando muito o custo e o nível de treinamento das equipes .

“Por ser uma cirurgia muito complexa, quanto mais casos o serviço concentra, maior será o resultado entregue à sociedade. A rotina deve começar no ambulatório onde ocorre o diagnóstico correto para a decisão de qual técnica deverá ser aplicada no paciente: aberta ou endovascular. Também será definido o manejo intraoperatório, definido em conjunto com a equipe de anestesia, a consolidação de uma rotina e dos protocolos pós-operatórios com a equipe de terapia intensiva. A correção aberta do aneurisma de aorta complexa pode ser comparada aos casos de transplantes de órgãos, tanto pela incidência quanto pelo custo, devendo ser conduzidos da mesma forma que os mesmos”, afirma o profissional. 

O  Dr. Ricardo Bernardo da Silva tem formação em cirurgia vascular, endovascular e em ecografia vascular com doppler realizada no interior de São Paulo na Santa Casa de Limeira com extensão para a pós-graduação em cirurgia na UNICAMP. Desde 2009 atua na Cidade como cirurgião vascular e atualmente é chefe da residência em cirurgia vascular da Santa Casa de Londrina, membro da comissão de diretrizes em patologia arterial da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) e da Câmara Técnica  em medicina cardiovascular do Ministério da Saúde. Para o especialista, um ponto de especial importância está na formação dos novos cirurgiões vasculares que acabam não tendo um número ideal de casos abertos dentro dos programas de residência, o que dificulta a difusão desses centros pelo país. “Aos chefes de residência e de centros de formação, cabe a necessidade de estimular o aprendizado de ambas as técnicas, já que são complementares e jamais competitivas" , afirma.

Desde a sua chegada a Santa Casa de Londrina em 2010, a equipe liderada pelo médico já realizou quase 200 cirurgias de aneurisma de aorta, com uma proporção de 60% de forma aberta e 40% endovascular, sendo que deste total, 21,5% são considerados complexos. “Em 2014, nosso serviço foi habilitado pelo Ministério da Saúde para a realização da cirurgia endovascular pelo SUS, mas logo vimos a necessidade de aprimoramento das equipes para também operar e resolver os casos complexos, não elegíveis para o tratamento endovascular. Desde então o nosso volume de cirurgia aberta vem crescendo tanto em números quanto em complexidade. Quanto mais rotina e volume de pacientes operados, menor a taxa de complicação dessa cirurgia”, comenta Silva. De acordo com o cirurgião, a taxa de mortalidade e índice de complicações vem caindo a cada ano e isso, na sua avalição, se dá pelo treinamento e familiaridade das equipes em lidar com a patologia. “Precisamos melhorar ainda mais nossos resultados e para isso não nos falta dedicação e trabalho. Estamos no caminho certo”, comenta. Em 2022, Silva esteve presente no Congresso Brasileiro de Cirurgia Vascular que aconteceu em Brasília, onde apresentou as estatística de seus casos na Santa Casa a respeito da mortalidade da cirurgia aberta no aneurisma de aorta infrarrenal, que atualmente se encontra em menos de 6%, índice muito próximo dos 5%, considerado o ideal nos centros de aorta ao redor do mundo. 

Em sua última publicação, o DATASUS não individualizou as taxas de sucesso, complicações e de mortalidade de acordo com os tipos de aneurismas, o que na opinião do cirurgião londrinense, dificulta o entendimento do Ministério da Saúde sobre qual a realidade desses tratamentos no Brasil. “Um aneurisma localizado abaixo dos rins tem técnica e custo totalmente diferente daquele que está no mesmo nível ou acima dos rins. Não podemos comparar coisas tão diferentes”, diz. Silva ainda revela que foi entregue ao Ministério as Saúde um protocolo detalhado que alerta para a necessidade de uma melhor coleta desses dados, com as respetivas classificações e taxas de mortalidade, para que o próprio Ministério seja capaz de gerar políticas públicas de controle de gastos e de fluxo de acesso dos pacientes com aneurisma de aorta abdominal infrarrenal e complexos.

 Alguns casos:  

“Em fevereiro de 2020, uma paciente de 51 anos deu entrada no nosso serviço com dor na barriga que não havia melhorado com tratamento inicial de pronto-socorro. Foi realizado uma angiotomografia onde se evidenciou um aneurisma de aorta abdominal complexo, mas que estava rompido para as costas. A análise da tomografia evidenciou que a paciente tinha pouca chance de sobreviver devido à localização e complexidade da dilatação. A opção menos invasiva seria realizar o tratamento endovascular, utilizando uma endoprótese revestida (STENT), mas isso levaria ao fechamento do suprimento sanguíneo do intestino e do fígado. Dessa forma, optou-se pela cirurgia aberta, tradicional e duradoura. A paciente então foi operada e recebeu alta sete dias depois, em bom estado e recuperada. Atualmente a paciente é acompanhada em nosso ambulatório”.

 “Há 45 dias, uma paciente de 61 anos chegou através do nosso ambulatório de alta complexidade em cirurgia endovascular, com o diagnóstico de aneurisma de aorta abaixo dos rins. Foi operada também por forma aberta e convencional e se encontra em ótimo estado, já em companhia de sua família. Na ocasião, a paciente poderia utilizar o tratamento menos invasivo com uso de endoprótese revestida, mas foi ponderado, juntamente com a família, os prós e contras de ambas as técnicas. Optamos pela cirurgia aberta”.

 “Há 2 semanas, um paciente de 68 anos proveniente de Tomazina, deu entrada no nosso pronto socorro com dor nas costas fazia dois dias. Uma angiotomografia evidenciou uma dilatação na aorta ao nível das artérias que irrigam os rins. Esse paciente também não poderia realizar a cirurgia menos invasiva, com o uso de endoprótese revestida, pois isso fecharia a irrigação dos rins e o levaria para hemodiálise permanente. Optou-se novamente pela cirurgia aberta convencional, que transcorreu sem intercorrências e o paciente teve alta com cinco dias de internação. Ele já voltou ao nosso ambulatório e se encontra em bom estado de saúde” .

"Nessa mesma semana, um senhor de 81 anos com distúrbio de  coagulação sanguínea, veio encaminhado do ambulatório de alta complexidade em cirurgia vascular da Santa Casa de Londrina, também com dor na barriga, lateralmente. Esse paciente já tinha conhecimento da existência de um aneurisma na barriga, mas por vontade própria, não tinha interesse de corrigi-lo, apesar de todas as explicações a respeito da gravidade. Como dessa vez havia dor, ele decidiu pela correção. Devido à idade e a esse distúrbio de coagulação a equipe propôs o tratamento endovascular (através dos STENTS revestidos). A cirurgia foi realizada com sucesso e ele já se encontra em casa, com boa recuperação”.