Número de universitários com mais de 40 anos dobra no Paraná

Censo da Educação Superior mostra que em 2012 o estado somava 39 mil estudantes com 40 anos ou mais. Em 2021, já eram mais de 80 mil. Entre as causas do aumento, especialistas apontam, principalmente, a expansão dos cursos de ensino a distância (EAD) e a crise econômica, que obrigou muitos a tentarem recalcular a rota no mercado de trabalho.

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O número de estudantes com 40 anos ou mais em instituições de ensino superior mais que dobrou nos últimos dez anos, entre 2012 e 2021, segundo dados do Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação (MEC). A alta, de 104,9%, foi bem maior do que a variação do total de matrículas: de 43,3%. Entre as causas, especialistas apontam, principalmente, a expansão dos cursos de ensino a distância (EAD) e a crise econômica, que obrigou muitos a tentarem recalcular a rota no mercado de trabalho.

No Paraná, em 2012 haviam 439.292 estudantes matriculados em instituições de ensino superior, dos quais 39.326 (9% do total) eram alunos com 40 anos ou mais de idade. Dez anos depois, em 2021, o número total de matrículas em universidades, faculdades, centros universitários e instituições federais (IFs) cresceu 43,31%, alcançando um total de 629.568 estudantes. Já o número de universitários com 40 anos ou mais avançou 104,9% no mesmo período, com 80.581 alunos – o equivalente a 12,8% do total de matriculados.

Ainda segundo os dados do MEC, o aumento no número de matrículas ocorreu em todas as faixas etárias mais avançadas, com especial destaque para os grupos de 60 a 64 anos (130,8%), de 40 a 44 anos (118,3%) e de 55 a 59 anos (118,1%). Já em termos proporcionais, a maior parte dos universitários mais velhos tem entre 40 e 44 anos (49,4% do total), de 45 a 49 anos (27,1%)e e de 50 a 54 anos (13,9%).

Em entrevista ao Estadão, Mozart Ramos, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), explicou que o crescimento no número de alunos com mais de 40 anos decorreu, principalmente, do avanço da modalidade de ensino a distância, principalmente em universidades particulares.

No Brasil, por exemplo, seis de cada dez ingressantes do ensino superior entraram nos chamados cursos EAD. Essa mudança no modelo de ensino, segundo Ramos, alterou de forma direta o perfil dos alunos. “O aluno do EAD é, geralmente, um estudante mais velho e que já trabalha. Portanto, é um caminho mais factível para conciliar estudo e trabalho”, disse o pesquisador.

Mas esse não é o único ponto que justifica o aumento em faixas etárias com mais de 40 anos. Um outro motivo, continua Ramos, é a crise econômica que atingiu o País nos últimos anos e elevou as taxas de desocupação. “Com a pandemia, muita gente perdeu emprego ou perdeu renda”, afirmou. Segundo ele, isso, por um lado, aumentou a evasão de quem não conseguiu mais arcar com as mensalidades da faculdade, mas também empurrou alunos para salas de aula na esperança de realocação.

Via: Bem Paraná