Roda de conversa sobre Políticas Afirmativas para povos indígenas na Universidade Estadual de Londrina reuniu membros da Cuia – Comissão Universidade para os Indígenas e da Associação dos Ex-alunos da UEL. Inscrições para o XXIII Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná já estão abertas e acontece em março, em escolas e reservas indígenas, além de universidades públicas do Estado. O vestibular é direcionado a estudantes de comunidades indígenas do Paraná, que podem se inscrever para estudar nas sete universidades estaduais e na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
No final de agosto, a Alumni UEL chamou para uma conversa integrantes da CUIA – Comissão Universidade para os Indígenas da Universidade Estadual de Londrina. O objetivo do encontro era conhecer mais sobre as atividades e realidades do coletivo, apresentar a associação dos ex-alunos da egressos indígenas e firmar um acordo de parceria para eventos e pautas futuras e atuais. Uma roda de conversa sobre Políticas Afirmativas para povos indígenas na UEL.
Participaram do evento, o professor Wagner Roberto do Amaral, do Departamento de Serviço Social (CESA), Gilza Ferreira de Souza Pereira, pertencente ao povo Kaingang da Terra Indígena São Jeronimo (S. Jeronimo da Serra/PR), graduada em Serviço Social, Mestra e doutoranda em Serviço Social e Política Social na UEL; Elis Regina Jacintho, do povo Guarani da Terra Indígena Laranjinha (Santa Amélia/PR), dentista graduada pela UEL e atuante na Unidade Básica de Saúde da sua terra indígena de pertencimento e Alexandro Silva , da etnia Guarani Nhandewa, egresso do curso de Ciências Sociais e mestrando em Sociologia além de um dos autores do livro "TETÃ TEKOHA", publicado por 10 jovens indígenas de etnias Guarani e Kaingang, estudantes e egressos da Universidade Estadual de Londrina.
Depois de uma breve apresentação dos membros da Alumni UEL presentes no encontro, o professor Wagner do Amaral fez um relato histórico sobre o movimento de abertura de vagas para indígenas nas universidades públicas com especial enfoque para como isso vem acontecendo no Paraná. Na sequência, os egressos puderam contar um pouco de como foi a experiência acadêmica, das dificuldades e desafios, todos os relatos contornados pelo senso forte de pertencimento às próprias origens. Durante o encontro, a Alumni UEL tomou conhecimento de uma antiga reinvindicação da CUIA: a construção de um Centro Cultura Indígena no campus da UEL e decidiu abraçar essa causa.
Há mais de duas décadas o Paraná implementou uma política pública de incentivo à educação superior para estudantes oriundos de etnias, comunidades e territórios indígenas localizados em todo o Estado. Anualmente, de forma gratuita, são ofertadas 52 vagas para diferentes cursos regulares de graduação, por meio de um processo seletivo exclusivo, denominado Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná. Eles são no formato presencial e na modalidade educação a distância (EaD), em nível de bacharelado, licenciatura e tecnológico.
VESTIBULAR 2024 - Já estão abertas as inscrições para o XXIII Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná, que será realizado nos dias 24 e 25 de março de 2024 em escolas e reservas indígenas, além de universidades públicas do Estado. O vestibular é direcionado a estudantes de comunidades indígenas do Paraná, que podem se inscrever para estudar nas sete universidades estaduais e na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ao todo, são ofertados mais de 500 cursos, em nível de bacharelado, licenciatura e tecnologia.
A inscrição é gratuita e poder ser feita até 6 de novembro no portal da Coordenadoria de Processos Seletivos (Cops) da UEL. Também é possível realizar o preenchimento impresso. Nesse caso o candidato deverá procurar uma das universidades participantes. Equipes das instituições também irão visitar comunidades indígenas para efetuar as inscrições de estudantes com dificuldade de enviar a documentação de forma eletrônica. O edital completo está disponível AQUI. O concurso oferece 52 vagas totais, sendo seis em cada uma das sete universidades estaduais – UEL, UEM, UEPG, Unioeste, Unespar, UENP e Unicentro – e 10 na UFPR, para ingresso no ano letivo de 2024. Este ano, o concurso será realizado pela equipe da Cops da UEL, responsável pelas inscrições, preparação e aplicação das provas e logística.
As provas serão aplicadas em oito municípios: Curitiba, Cornélio Procópio, Tamarana, Mangueirinha, Manoel Ribas, Nova Laranjeiras, Santa Helena e Ortigueira. No primeiro dia de prova, os candidatos fazem a prova oral, em Língua Portuguesa. No segundo dia será aplicada a prova de Conhecimentos Gerais (Biologia, Física, Geografia, História, Matemática e Química), além da Redação, interpretação de texto e língua estrangeira (Inglês, Espanhol, Guarani ou Kaingang). A divulgação dos aprovados será no dia 18 de abril, no portal da Cops. O Vestibular indígena é garantido pela Lei Estadual nº 13.134/2001 e Lei Estadual nº 14.995/2006, que prevê vagas suplementares para comunidades indígenas nas universidades públicas do Paraná.
Atualmente, 291 estudantes indígenas são universitários e 195 já se formaram, sendo 92 nos últimos quatro anos no Estado. O Brasil registrou um aumento de 695% no número de indígenas matriculados no ensino superior entre 2010 e 2018, último ano em que os dados foram divulgados no Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Eram 7.256 indígenas matriculados e esse quantitativo passou para 57.706, o que representa 0,68% do total de estudantes em universidades, centros universitários e faculdades.
No Paraná vivem cerca de 13.300 indígenas e aproximadamente 70% pertence ao povo caingangue, o que reforça a importância e perenidade do projeto. O Estado tem 23 terras indígenas demarcadas pelo governo federal: Apucarana, Avá-Guarani do Ocoí, Barão de Antonina, Boa Vista, Cerco Grande, Faxinal, Herarekã Xetá, Ilha da Cotinga, Ivaí, Laranjinha, Mangueirinha, Marrecas, Palmas (divisa com SC), Pinhalzinho, Queimadas, Rio Areia, Rio das Cobras, Sambaqui, São Jerônimo, Tekohá Añetete, Tekoha Itamarã, Tibagy/Mococa e Yvyporã Laranjinha.