Flávio Benedito Conceição: “Acho que eu sempre fotografei com os olhos”

Os registros do campus feitos pelo ex-aluno de Ciências Sociais inauguram a Galeria de Fotos do site da Alumni UEL

Por Celia Regina de Souza

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Muito antes de uma câmera na mão, Flávio Conceição passava pelo Igapó e tentava reter a imagem do lago só com os olhos. Um tempo depois, descobriu que podia congelar aquela imagem, ter focos diferentes, que podia manejar uma câmera fotográfica e tirar dela o que quisesse. “Eu só conhecia aquelas máquinas automáticas, gostava de fazer fotos da família, mas era diferente. Quando comecei a usar uma máquina não automática, era eu controlando a câmera e não o contrário. E ia trabalhando a imagem, as áreas de contraste, sombra, cores. Aí, conseguia mostrar o que eu queria”.

Flávio nasceu em Londrina mas viveu boa parte de sua infância e adolescência na zona rural. Com 13 anos, ele estava colhendo café com o pai e lembra bem da geada de 1975, que acabou com as lavouras do Norte do Paraná. Depois disso, a família voltou para a cidade e, em 1982, ele foi estudar Ciências Sociais na UEL. Em 1988, foi trabalhar no Sercomtel, serviço de telecomunicações de Londrina, onde ficou por 25 anos. Agora, aposentado, juntou o útil ao agradável: em um sítio em Paiquerê, planta e colhe. E lá e cá, fotografa.

Um bom exemplo da arte de Flávio Benedito Conceição são as fotos publicadas aqui neste site, numa exposição em homenagem aos 50 anos da Universidade Estadual de Londrina, que inaugura a Galeria de Fotos da Alumni UEL.  São dele, também, um grande número de fotos premiadas em concursos nacionais e internacionais, expostas na França e Espanha, ou no MASP, no Brasil. Muitas dessas imagens ele distribui, generosamente, nas redes sociais. 

Para o ano, Flávio participa das comemorações dos 50 anos do Foto Clube de Londrina (do qual já foi presidente), com a XXII Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Cores, evento nacional da Confederação Brasileira de Fotografia que acontece em Londrina, no mês de dezembro. Participa também da Copa do Mundo de Fotografia, de um concurso de um sindicato de trabalhadores da Colômbia, outro em Porto Alegre, e por aí vai: “a fotografia é um meio que salva a gente, uma válvula de escape, principalmente num momento como o que estamos vivendo”, diz.

Com uma saudade até do que não viveu, Flávio Cinceição diz, com o olhar lá atrás, que “o passado é mais bonito”. Por isso, procura registrar algumas pessoas mais antigas da roça, o cenário de um fogão a lenha, rostos vincados, pés e mãos calejados, numa tentativa de resgatar um pouco do passado que ainda vê ao seu redor.  “Quando você fotografa uma pessoa, ela traz tudo para essa fotografia: o que viveu, o que aprendeu, o tanto que apanhou na vida”, diz.

Com um sorriso simples, Flávio conta que o que ele queria, mesmo, era ser Haruo Ohara (1909/1999), imigrante japonês, agricultor e fotógrafo, pioneiro de linda história em Londrina. Haruo era um “lavrador de imagens”, título que ficou registrado em uma biografia poética dos escritores Marcos Losnak e Rogério Ivano. “Eu não tenho uma foto como a dele, mas eu gostava de equilibrar a enxada na mão!”, brinca, referindo-se a uma das mais belas fotografias do velho mestre semeador. 

Homenagem à UEL 50 anos

Exposição de fotos

Flávio Benedito Conceição

Galeria do site da Alumni UEL