Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências, alerta para retrocessos na representação feminina na ciência desde a pandemia e que mostram.mostram que a luta por igualdade de gênero na pesquisa está longe de terminar. Segundo a Unesco, apenas um em cada três cientistas no mundo é uma mulher e somente 35% de todos os estudantes das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (CTEM) são mulheres. Em apenas 30% dos países, a participação feminina se aproxima da paridade.
No dia 11 de fevereiro, é celebrado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, mas especialistas apontam que, apesar dos avanços no Brasil, a comemoração ainda é modesta. A representatividade feminina segue sendo um desafio na ciência e, nos últimos anos, sofreu uma queda no ritmo que, até antes, parecia tender à equidade de gêneros.
Apesar dos avanços em relação à perspectiva histórica, a participação feminina na ciência brasileira ainda enfrenta barreiras significativas, segundo a biomédica e professora Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Ela destaca que retrocessos recentes, como os observados nos Estados Unidos, mostram que a luta por igualdade de gênero na pesquisa está longe de terminar.
No Brasil, a pandemia agravou a situação, com muitas mulheres tendo de abandonar suas pesquisas para se dedicarem ao cuidado da família ou a profissões financeiramente mais interessantes.
“O impacto da pandemia foi muito relevante para as mulheres, e a produção científica delas caiu muito mais do que a dos homens nesse período, significando que estar em casa foi muito mais uma ‘função feminina’ do que dos dois, e houve um retrocesso. E isso leva tempo [para consertar]. Vínhamos caminhando bem, aí voltamos para trás, mas vamos lutar para progredir cada vez mais”, completa ela.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apenas um em cada três cientistas no mundo é uma mulher e somente 35% de todos os estudantes das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (CTEM) são mulheres. Em apenas 30% dos países, a participação feminina se aproxima da paridade.
“Em alguns países, menos de 10% dos pesquisadores são mulheres. Além disso, aquelas que trabalham em CTEM ganharam apenas 85% do que receberam seus colegas homens. As mulheres enfrentam obstáculos sistêmicos como a fuga de financiamento, menores oportunidades de publicação e falta de representação em postos de responsabilidade”, resume a diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay, em uma carta publicada nesta terça-feira (11/2).
A pedido do Metrópoles, as entrevistadas destacaram alguns nomes relevantes da pesquisa brasileira. Você conhece os trabalhos delas?
Iniciativas como prêmios buscam diminuir essa brecha de gênero, inspirar meninas a entrar na ciência e celebrar também o trabalho de pesquisadoras sênior. Outros programas de fomento, como o edital da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e Serrapilheira para apoiar cientistas mães, foram importantes para mitigar impactos da maternidade na carreira.
A luta por igualdade de gênero na ciência exige esforços contínuos. “É importante seguir batalhando por uma maior representatividade de mulheres nas mais diversas posições acadêmicas até que isso se torne natural.”, afirma Caldas.
“Precisamos de mais exemplos nas escolas, mais visibilidade para cientistas mulheres”, completa Nader.
Enquanto isso, porém, o mundo perde com a subrepresentação. “Menos mulheres na ciência significam menos inovações científicas, menos descobertas médicas ou menos desenvolvimento sustentável. A ciência, com sua diversidade, só tem a ganhar ao incluir mais vozes femininas”, conclui Azoulay.
Via: Metropoles
Foto: Arquivo UEM/AEN