Eduardo Di Mauro, do Centro de Ciências Exatas (CCE), construiu uma trajetória marcada não apenas pela docência e pesquisa, mas também pela gestão universitária — foi vice-reitor e exerceu o cargo de reitor interino entre abril e junho de 2006. Em julho deste ano, o professor foi contemplado com a renovação da Bolsa Produtividade do CNPq, que será destinada para custear um projeto de pesquisa sobre mapeamento e exploração das propriedades magnéticas das terras raras brasileiras.
Professor do Departamento de Física da UEL desde 1983 e com previsão de aposentadoria ainda neste ano, Eduardo Di Mauro, do Centro de Ciências Exatas (CCE), construiu uma trajetória marcada não apenas pela docência e pesquisa, mas também pela gestão universitária — foi vice-reitor e exerceu o cargo de reitor interino entre abril e junho de 2006.
Em julho deste ano, o professor foi contemplado com a renovação da Bolsa Produtividade do CNPq, que será destinada para custear um projeto de pesquisa sobre mapeamento e exploração das propriedades magnéticas das terras raras brasileiras. O estudo é considerado estratégico por buscar dados sobre minerais essenciais às chamadas tecnologias de baixo carbono utilizadas por exemplo em baterias para carros elétricos, turbinas eólicas e dispositivos eletrônicos.
Segundo o professor, o Brasil detém cerca de 23% das reservas globais de terras raras, concentradas principalmente em Minas Gerais, Goiás e Amazonas. Apesar desse potencial, o país ainda não domina plenamente o processamento e o refino desses materiais em escala industrial. “Eu me sinto realizado neste momento. É como um jogador prestes a pendurar as chuteiras, mas que acaba convocado para a seleção”, compara o pesquisador.
Mesmo com o pedido de aposentadoria já protocolado junto à Pró-Reitoria de Recursos Humanos (PRORH), Di Mauro pretende manter as atividades científicas pelos próximos três anos, orientando estudantes, publicando artigos e colaborando no desenvolvimento de novas tecnologias voltadas à exploração sustentável de minerais raros. O projeto é conduzido em parceria com diversas instituições brasileiras, como USP, UNICAMP e UNESP, e tem como objetivo contribuir para a consolidação de uma cadeia produtiva das terras raras brasileiras.
Atualmente, a China lidera o setor, com domínio tecnológico e reservas estimadas em 44 milhões de toneladas. O Brasil aparece em segundo lugar, com cerca de 21 milhões de toneladas, seguido pela Índia, com 7 milhões. Para o professor, fortalecer essa linha de pesquisa é fundamental para garantir a soberania nacional.
“O grande desafio dos cientistas brasileiros é desenvolver métodos eficientes para separar os elementos de interesse. Esses minerais aparecem sempre misturados a outros, em concentrações muito pequenas, o que torna o processo complexo e caro. Ainda assim, são cruciais para setores estratégicos como energia, saúde, defesa e tecnologia de ponta”, explica.
Para se ter uma dimensão do desafio, o grupo de minerais raros é composto por 17 elementos químicos encontrados na natureza, em concentrações muito pequenas, e normalmente misturados a outros minérios. Por essa razão o processo é considerado complexo e caro, lembrando que esses elementos são essenciais para a fabricação de turbinas eólicas, baterias de carros elétricos, cabos de transmissão, foguetes, equipamentos médicos, armas e dispositivos eletrônicos de última geração.
Além da pesquisa em terras raras, o professor também mantém projetos relacionados à Física Atômica e Molecular, com destaque para aplicações da Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE). Seus estudos abrangem desde minerais, polímeros e porfirinas até petróleo e derivados, óleos vegetais e a fotodegradação de poluentes orgânicos.
Via: O Perobal