A cerimônia, que ocorreu na última segunda-feira no Auditório Salvador de Ferrante (Guairinha) em Curitiba, celebrou 50 anos da principal premiação teatral do Paraná, marcada nesta edição pela descentralização e presença de produções de diversas regiões do estado.
Dois ex-alunos do curso de Artes Cênicas da UEL receberam o Troféu Gralha Azul na noite da última segunda-feira (01), em Curitiba. A premiação, que comemora meio século de história, consagrou a diversidade e a descentralização da cena teatral paranaense, premiando espetáculos e profissionais da Capital e de outros municípios do Paraná.
O ator Adriano Gouvella, que faz parte da companhia Os Palhaços de Rua da Cidade de Londrina, conquistou dois prêmios com o espetáculo “Réquiem para um barbeiro”, como Melhor Ator e de Dramaturgia. Ele destacou a importância da nova formatação do prêmio, que neste ano levou a comissão julgadora a diversas cidades do Paraná. “É uma história que eu passei e transformei em arte, é um espetáculo solo mas feito por muitas mãos e dedico esse prêmio às pessoas que estiveram comigo. É muitíssimo importante para gente o Gralha Azul ter essa descentralização. Quero agradecer a todas as pessoas que fizeram possível essa conquista”, comemorou.
Formado na Funcart (Fundação Cultura Artística de Londrina) e em Artes Cênicas na UEL (Universidade Estadual de Londrina), o londrinense iniciou a sua jornada artística na sua própria companhia de palhaços. Em 12 anos, viajou por vários estados em quase 400 apresentações feitas. O espetáculo premiado nesta segunda, porém, apresenta uma versão diferente de Gouvella, que aposta e explora o drama com influências de grandes autores, como Franz Kafka, Paulo Freire e Jessé Souza.
Carol Vaccari, técnica de iluminação, recebeu o prêmio especial de Técnico do Ano. Carol ressaltou a importância da visibilidade para as mulheres em uma área técnica predominantemente masculina. “É significativo estar aqui representando outras mulheres. Ser uma mulher técnica, no Interior do Estado, estar aqui recebendo esse prêmio e essa homenagem, é uma honra e uma alegria muito grande”, disse. Ela também é formada em Artes Cênicas pela UEL.
Em 2025, foram 63 espetáculos inscritos e 34 homologados e avaliados para o Troféu Gralha Azul. Ao todo, a premiação contemplou 17 categorias, entre elas melhor Espetáculo, Direção, Atriz, Ator, Dramaturgia e Revelação, além das indicações especiais feitas pelo Centro Cultural Teatro Guaíra, com apoio do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Paraná (Sated/PR) e do Sindicato dos Empresários e Produtores em Espetáculos de Diversões no Estado do Paraná (Seped/PR).
O Troféu Gralha Azul foi criado em 1974 pelos artistas Edson D’Ávila, Delcy D’Ávila, Yara Sarmento e Waldir Manfredini, e foi o primeiro troféu oficial dedicado a homenagear artistas e técnicos do teatro no Paraná, tornando-se um marco de reconhecimento na arte cênica paranaense.
A premiação foi oficializada pela então Fundação Teatro Guaíra em 1983 e se firmou como a mais tradicional e relevante premiação do teatro paranaense e símbolo de excelência, reconhecendo o talento, a diversidade e a força criativa que movem a produção teatral profissional do Paraná.
Neste ano, o prêmio Gralha Azul foi reformulado para atender as reivindicações da categoria que solicitou alterações no formato da premiação e critérios que garantissem a maior participação de grupos socialmente minorizados, incluindo mulheres, pessoas negras, indígenas, integrantes de comunidades tradicionais (como terreiro e quilombolas), pessoas com mais de 60 anos, populações nômades e povos ciganos, pessoas LGBTQIA+ e pessoas com deficiência.
Os critérios foram aplicados tanto para profissionais nas categorias individuais quanto para espetáculos com mais da metade da equipe composta por membros desses grupos. A comprovação foi feita por meio de autodeclaração, documento obrigatório no processo.
Além das ações afirmativas, o edital trouxe outras mudanças para ampliar o acesso. Com o objetivo de reduzir as dificuldades de participação de companhias de outros municípios do Paraná, os jurados, que foram selecionados por meio de um chamamento público específico, puderam analisar trabalhos apresentados fora de Curitiba e de sua Região Metropolitana.
O edital de 2025, tanto o do Prêmio Gralha Azul quanto o do credenciamento para a comissão julgadora, foram construídos através de conversas do Centro Cultural Teatro Guaíra com o Sindicato dos Artistas (Sated-PR), representantes da classe, políticos apoiadores da cultura e diversos agentes.