A ciência é essencial para o desenvolvimento da América Latina

A ciência tem um papel fundamental na recuperação pós-pandemia e a colaboração entre os países da América Latina é crucial para que a região volte a se desenvolver. Isso é o que apontaram os participantes do painel virtual “Como Intensificar Parcerias Científicas Na América Latina”, realizado durante a 74ª Reunião Anual da SBPC.

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A ciência tem um papel fundamental na recuperação pós-pandemia e a colaboração entre os países da América Latina é crucial para que a região volte a se desenvolver. Isso é o que apontaram os participantes do painel virtual “Como Intensificar Parcerias Científicas Na América Latina”, realizado durante a 74ª Reunião Anual da SBPC. O painel virtual aconteceu na última quinta-feira (27) e pode ser assistido na íntegra neste link

Coordenado por Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, pesquisadora do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC/MCT) e membro da Diretoria da SBPC, o painel contou com a participação de Augusto Sánchez Valle, presidente da Federación de Organizaciones Científicas para el Avance de la Ciencia en las Américas (Interciência), Marcos Regis, diretor-executivo do Inter-American Institute for Global Change Research (IAI), Ernesto Fernandez Polcuch, diretor de ciências da regional da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Paulo Eduardo Artaxo Netto, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e vice-presidente da SBPC, e Carolina Vera, professora do Departamento de Ciências Atmosféricas e dos Oceanos da Universidade de Buenos Aires (UBA).

Os participantes defenderam um papel mais ativo e sistêmico da inovação e do conhecimento nas políticas de desenvolvimento econômico, produtivo, social e ambiental da América Latina. Embora tenha havido avanços significativos na região, a ciência, a tecnologia e a inovação ainda não têm um papel significativamente ativo nas políticas de desenvolvimento econômico, produtivo e social. “Nós devemos buscar uma participação maior nas atividades, especialmente de interciência, uma participação maior no que se refere a realização de associações ou ao aproveitamento das existentes para a ciência, a tecnologia, a inovação e o conhecimento”, apontou Valle. “Espero que Argentina, Brasil, Uruguai, Chile e Colômbia possam de alguma maneira unir esforços para levar a cabo esta aliança que estamos buscando através da SBPC”, finalizou.

Para Regis, a América Latina e o Caribe têm a capacidade de superar desafios e construir oportunidades para colaboração multinacional, além de fortalecer elos para estruturas globais para alavancar o financiamento extramural para as prioridades regionais das Américas. O pesquisador também enfatizou a importância de trabalhar conjuntamente políticas de inclusão, equidade e diversidade. “Precisamos ter mais colaboração entre os países para grupos que não são representados tradicionalmente em todo o processo de ciência e tecnologia”.

Polcuch destacou a importância da integração e da cooperação regional para combater as assimetrias existentes, especialmente em relação à saúde, à concentração de renda, e às responsabilidades climáticas. O pesquisador enfatizou a necessidade de se intensificar as parcerias científicas na América Latina, apontando que ciência deve ser o motor do entendimento entre os países da região, no que chamou de “diplomacia científica”. “Não podemos pensar que nenhum dos países pode se tornar um ator global sem a cooperação regional. A pandemia nos ensinou que não podemos resolver os problemas de maneira separada”, afirmou.

Mas a região ainda enfrenta muitos desafios em busca dessa união. “As necessidades que a América Latina tem em educação, cultura e ciência são tão grandes que teríamos efetivamente que desenvolver áreas estratégicas”. Apontou Artaxo. Segundo o pesquisador, a união entre pesquisadores tentando entender as melhores estratégias para seguir numa democratização mais sólida e estável seria extremamente estratégico. Artaxo ainda apontou que a Amazônia poderia ser uma grande modelo de integração latino-americana. “A Amazônia tem um potencial gigantesco na questão cientifica, na questão de mudanças climáticas, e assim por diante. Por que não unir esforços?”.

Para Vera, a América Latina compartilha uma agenda de temas urgentes, que devem ser trabalhados conjuntamente. Mas a pesquisadora aponta que devemos ir além da cooperação científica e buscar o engajamento com outros setores. “Há uma urgência, uma necessidade de ligar mais a comunidade acadêmico-cientifica com os organismos de Estado, o setor privado, as organizações da sociedade civil e outros atores para resolver esses problemas”, destacou. “É preciso maior compromisso dos Estados latino-americanos em levar adiante as alianças e colaborações científicas”.

Os participantes apontaram que ainda existem muitas barreiras entre os sistemas científicos-acadêmicos dos diferentes países latino-americanos. Mas é preciso continuar trabalhando para construir alianças visando a recuperação e o desenvolvimento da região. “Precisamos realmente trabalhar juntos e construir esse caminho. A cooperação é necessária para esse salto possa ser dado, e ele só vai ser dado se tivermos uma política científica de Estado em cada um de seus países em colaboração. Esse é um desafio, mas é um desafio que temos que vencer”, destacou Vasconcelos.

Via: Jornal da Ciência

Foto: Pexels/Polina Tankilevitch