Exposição na UEL revela arquivos da ditadura

Exposição “Juventudes e Participação”, que traz documentos inéditos dos arquivos do Sistema Nacional de Informação (SNI) e desclassificados da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, a CIA, que contemplam o período da ditadura militar no Brasil.

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Um motivo a mais para passear pelo Campus da UEL. Até o dia 02 de setembro, na Réplica da Primeira Catedral de Londrina, bem ao lado do CESA, é possível visitar a exposiçao "Juventude e Participação" que traz imagens de documentos inéditos dos arquivos do Sistema Nacional de Informação (SNI) e desclassificados da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, a CIA, que contemplam o período da ditadura militar no Brasil. Elas são parte de um trabalho do Laboratório de Estudos sobre as Religiões e Religiosidades (LERR) em parceria com o Projeto de Extensão Práxis Itinerante e o Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UEL. As informações são da Rede Lume de Jornalistas.

O material é resultado de uma pesquisa a respeito do projeto Opening the Archives, da CIA, e busca compreender como os agentes de informação brasileiros e representantes norte-americanos vigiaram, investigaram e colaboraram com o silenciamento das pessoas que fizeram oposição à ditadura militar no Paraná, especificamente dos participantes de movimentos sociais, como o estudantil, dos Direitos Humanos, em favor da reforma agrária, da cultura popular e da democracia.

Em entrevista à Rede Lume, o professor coordenador da pesquisa, Fábio Lanza, associado do Departamento de Ciências Sociais da UEL, disse que o  trabalho é um “exercício de valorização da vida”. “Expor alguns documentos, que agora são públicos, nos permite preencher uma lacuna da história”, afirma. Segundo ele, 1046 ossadas de pessoas desaparecidas na ditadura ainda esperam identificação. “Parte da população brasileira participa da construção da nossa sociedade e quer mudanças estruturais.”

Lanza explica que os resultados da pesquisa permitirão a produção e curadoria de exposições itinerantes audiovisuais em locais públicos e coletivos, alcançando a comunidade externa além do meio acadêmico. Também possibilitará a organização e sistematização de repositórios temáticos digitais abertos, disponibilizados pelo Núcleo de Documentação e Pesquisa Histórica da UEL, para estimular futuras pesquisas.

O projeto permite, ainda, a disseminação de trabalhos científicos em eventos e em periódicos nacionais e internacionais e a organização de um e-book com todos os trabalhos desenvolvidos e as novas metodologias de pesquisa digitais abertas entre Brasil e EUA.

A exposição conta com duas instalações temáticas: uma em homenagem aos movimentos sociais, no Calçadão da UEL, que simula uma prisão, e a outra são fotos de pessoas públicas que foram perseguidas durante a ditadura, além de poemas com temática da época.

Ainda de acordo com a reportagem, a Comissão da Verdade da UEL está redigindo um relatório final sobre ações da Justiça de Transição, que dá conta da violação sistemática de direitos em períodos de guerras ou ditaduras. Para o professor André Lopes Ferreira, membro da Comissão, a criação das mesmas nos municípios é uma tentativa de acessar a memória daquela época e dar dignidade às pessoas violadas na ditadura. “Durante audiências públicas da Comissão da Verdade no Paraná o nome da UEL começa aparecer. Pessoas contando sobre os anos de chumbo na UEL. Por causa de muitos relatos, em 2015 a universidade instituiu a sua própria Comissão da Verdade.”

Os trabalhos, explica o professor, só foram possíveis por conta dos arquivos públicos disponibilizados pelo SNI. “Em duas dúzias de entrevistas com docentes, estudantes e funcionários ficou claro que muitas pessoas tiveram seus direitos violados dentro da UEL na ditadura. O resgate é da memória.”

Leia mais acessando o site da Rede Lume, aqui