Investimento na UEL retorna em dobro para a economia do PR, revela pesquisa

Debate intitulado 'A importância da UEL para o desenvolvimento de Londrina e região' é realizado nesta quarta-feira (20) pelo Youtube da Alumni UEL 

Por Murilo Pajolla | Foto de destaque: Blog Londrina/Emerson Dias

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A comunidade universitária da Universidade Estadual de Londrina (UEL) supera as 22 mil pessoas. São mais de 18 mil estudantes, 1,6 mil professores e 2,5 mil funcionários técnico-administrativos. Se fosse um município, a UEL seria mais populosa do que 80% das 399 cidades paranaenses.  

Com essas proporções, é de se esperar que o impacto da Universidade na economia do Paraná seja significativo, para além dos papéis de formar mão de obra qualificada, fornecer mais de 20 serviços, como o Hospital Universitário, à população do Norte Pioneiro e produzir conhecimento científico. 

Pensando nisso, o economista Venâncio Oliveira desenvolveu uma pesquisa minuciosa encomendada pelo Sindiprol/Aduel, sindicato de professores do ensino público de Londrina e região. Clique aqui e aqui para acessar os relatórios na íntegra. 

A conclusão principal é que a Universidade tem consequências a curto prazo na geração de emprego e renda e produz efeitos estruturais de desenvolvimento econômico e social. Cada real investido na UEL gera R$ 1,57 em renda do trabalho no Paraná e R$ 2,13 em valor agregado na economia do estado.

“É claro que não se investe apenas um real. Estamos falando de milhões. Isso mostra como é importante investir na Universidade, na educação pública, nesse patrimônio que é a UEL”, disse o economista à reportagem da Alumni UEL.

Encontros e conversas da Alumni UEL

Esses e outros números são tema de debate em uma live intitulada “A importância da UEL para o desenvolvimento de Londrina e região”, transmitida ao vivo pelo Youtube da Alumni UEL a partir das 19h30 desta quarta-feira (20). 

Clique aqui para acessar a transmissão.

Participam da discussão como expositores o reitor da UEL, Sergio Carlos de Carvalho, e o economista e pesquisador Venâncio de Oliveira, que investiga o impacto econômico da Universidade.

Como debatedores, estão presentes a socióloga e professora do CLCH Ileizi Fiorelli e Tadeu Felismino, jornalista e presidente do IPPUL – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina.

UEL movimenta diversos segmentos do mercado

“A UEL liga-se ao circuito socioeconômico de Londrina e região e, também, com o futuro em gestação, pois forma professores para as redes pública e privada de ensino, além de muitas outras profissões”, afirma trecho do estudo. 

Graduado em Economia pela UEL e doutor na mesma área pela Universidade Autônoma do México (Unam), Venâncio se baseou em dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) para construir uma estimativa do retorno econômico da UEL.

“Eu utilizei uma metodologia chamada matriz Insumo-Produto, que significa entender os serviços da UEL a partir do que significa quando você constrói, por exemplo, um hospital. Ou seja, entender qual a demanda que a UEL cria em outros setores econômicos”, explicou. 

Além de estimar os efeitos dos das atividades conduzidas pela UEL - ensino, pesquisa e extensão -, o economista analisou como o dinheiro gasto com o funcionalismo público movimenta a economia de Londrina, o quarto maior município do sul do país, atrás apenas de Joinville (SC) e das capitais Curitiba e Porto Alegre. 

“Vamos dizer que um servidor ganhe R$ 3 mil por mês. Esse salário vai se transformar em consumo na cidade. Procurei compreender o que a economia precisa ofertar para satisfazer esses R$ 3 mil de consumo dos funcionários ou satisfazer, por exemplo, a construção de um prédio no campus”, afirmou.

Cortes na educação prejudicam economia

Se o investimento no ensino superior público fortalece a economia regional, a redução do financiamento em educação produz o efeito contrário. 

A pesquisa evidencia que os investimentos em educação no Paraná começaram a cair acentuadamente a partir de 2017, conforme evoluiu a crise econômica, principalmente nas universidades estaduais.

“O estado vem deixando de investir na Universidade. Apenas tem uma política de renúncia fiscal e superávit. Acredita-se que, com o estado se retirando da economia, não cobrando impostos, o capital privado iria investir. Mas isso não tem acontecido. A economia paranaense cresce muito menos que a economia nacional”, identifica o acadêmico. 

O corte de verbas se traduz nos números da Universidade. O número de servidores na UEL caiu 11% entre 2015 e 2019. No quadro técnico-administrativo, a queda foi de 18%. Já entre os professores, houve um sensível crescimento de 1,15%. 

Leia mais: Alumni UEL se soma à onda de repúdio contra corte de 90% no orçamento da ciência

“Nesses quatro anos houve redução de 606 servidores. Se a UEL contratasse esses mesmo número de trabalhadores, abriria-se a porta da geração de empregos e a injeção de uma massa de dinheiro na economia londrinense. Você poderia retirar a economia desse atoleiro que a gente vive”, aponta Venâncio. 

O pesquisador demonstrou que UEL não é apenas um “gasto”, mas sim um complexo produtivo que tem reflexos na melhoria da qualidade de vida de toda a população. 

“Também me motivou essa coisa toda que a gente vive de negação da ciência, de desvalorização da educação. Vim de escola pública e lembro que no meu bairro as pessoas ficaram muito felizes que eu passei na UEL. Hoje, infelizmente, vejo uma desvalorização da Universidade”, lamenta.